.....Vieira viveu na própria mente, na própria vida e no próprio ambiente, em seu entorno, experiências muito diversas e até antagônicas. Vamos esboçar alguns exemplos paradigmáticos pinçados de sua longa vida:
1. Tragédias marítimas
.....Ao chegar ao Brasil em
1616, menino de 7 anos, vivenciou um quase naufrágio da nau que o
trouxe junto com seus pais. Quase foi vítima de uma tragédia
marítima. É possível imaginar o desespero de toda aquela
gente, enquanto a tempestade sacudia a nau indefesa.
.....Pela vida a fora, presenciou e viveu muitas
outras situações idênticas, na costa brasileira, no
Atlântico, no Mar Mediterrâneo e nos Mares do Norte, na Europa.
Sua irmã, com o marido e os filhos morreram em naufrágio,
no Atlântico, também na costa brasileira.
.....Destacamos o naufrágio no mar,
próximo aos Açores, em julho de 1654. O naufrágio é
citado no Sermão de Sta. Tereza, na ilha de São Miguel: “O
navio virado no meio do mar e nós fora dele pegados ao costado, chamando
pela misericórdia de Deus e de sua Mãe.” (Sermões,
v. VIII, Lello) e no Sermão da Quinta Dominga da Quaresma (Sermões
v. IV, Lello).
2. Dedicação aos pobres
.....Aos 15 anos resolveu ser
missionário para se dedicar preferencialmente aos pobres da Bahia
e do Brasil: aos indígenas, aos negros e aos brancos sem posses.
Desejou encurtar seus estudos para mais cedo se dedicar à sua missão,
pelo povo sofredor.
.....Seus superiores, antevendo o gênio
do rapaz, exigiram que prosseguisse seus estudos. Em 1626, por ordem do
superior, escreve a Carta Ânua ao P Geral. Iniciou, assim, brilhantemente,
sua carreira de grande epistológrafo.
3. Experiência Trágica de Guerra
.....Em 1624, com 16 anos,
os holandeses invadem Salvador. Vieira lá estava. Vivenciou toda
a tragédia. Vê o povo perder seus bens e seus roçados;
vê os invasores queimarem e depredarem os engenhos de açúcar,
para trazerem a fome e a submissão ao povo; vê gente inocente
morrer; vê as igrejas sendo destruídas; vê o inimigo
instalado, dominando e ameaçando o povo. Vieira, sempre generoso,
sai pelas aldeias, instruindo e levando ânimo e confiança ao
povo.
.....Vieira foi o principal agente da resistência
ao invasor do Brasil.
.....A partir desta primeira experiência
trágica de guerra sangrenta, muitas outras presenciaria, frente a
frente, principalmente na Bahia. Muitos dos seus grandes sermões
são feitos quase no campo de batalha. O Sermão mais trágico
e veemente neste contexto, foi o “Sermão das Armas de Portugal
contra as da Holanda”, e o Sermão de Santo Antônio, na
Barra. Há outros de grande densidade, em momentos de apreensão.
.....Vieira vivenciou, no Brasil, em Portugal
e na própria Holanda, todas as lutas das invasões holandesas
ao Brasil, de 1624 a 1654. Foram 30 anos trágicos e terríveis,
de muitas dúvidas, de muitas astúcias, de muito sangue derramado
e de muitas e difíceis negociações.
.....Vivenciou também as guerras da
Restauração Portugal Espanha e as difíceis articulações
que ajudou a comandar, na Holanda, na França e na Itália.
4. Amor ao país
.....Desde esta época
bélica, trágica e sangrenta, Vieira manifestou seu amor profundo
e incondicional ao seu país e à liberdade de seu povo. Sua
ação patriota foi sempre muito clara, sem meios termos, numa
época de muitas simulações e interesses escusos e contraditórios.
.....Após sofrer as injúrias
e maus tratos da Inquisição, assim se manifesta:
.....“ quero antes viver afrontado na
Pátria, entre os ódios dos naturais, que ir buscar em outras
melhores partes do mundo a honra, que sei me fazem por lá os estranhos”.
(Carta ao Duque de Cadaval. 09.01.1668)
5. Professor Dedicado
.....Aos 18 anos segue para Olinda, em Pernambuco. Vai ser professor por três anos. Voltou à Bahia onde também exerce a missão de professor. Iniciou aqui sua carreira de grande estudioso e de grande pensador e grande filósofo. Redigiu obra sobre Sêneca, grande filósofo romano.
6. Pregador Sacro
.....Em 1633, com 25 anos,
prega seu primeiro grande sermão, na Igreja da Conceição
da Praia, em Salvador, na Ribeira. Assim inicia sua brilhante carreira de
orador sacro, que lhe daria um de seus grandes títulos, que consagram
sua existência fértil, ousada e incansável.
.....Vieira pregou dos 25 aos 88 anos. Pregou
durante mais de 60 anos. Isto para só falar dos sermões que
redigiu para publicação. Foi um orador magnífico. Por
isso foi conhecido como o “Príncipe dos Oradores Evangélicos”
e como o “Imperador do Púlpito”. Brilhou com luz fulgurante
nos púlpitos do Brasil, de Portugal e de Roma.
7. Ação Diplomática
.....Em 1641, viaja de Salvador
para Lisboa, para prestar homenagem ao novo rei restaurador, D. João
IV. O rei, vendo o brilhantismo de seu raciocínio e seu tirocínio
político, envia-o, em missão diplomática, à
Holanda, para tentar um tratado de paz. No contexto sabemos que a Holanda
era inimiga da Espanha, como Portugal era. A paz era necessária para
conter a Espanha. Por outro lado, a Espanha disputava a possa do Brasil.
.....Inicia-se aqui a sua função
de Diplomata, em que foi brilhante; Atuou, na Holanda, na França
e na Itália, em missões muito complexas.
8. Mundo unido, livre e próspero: seu ideário
.....Em 1649, inicia a redação da História do Futuro. Assim formula as forças matriciais de seu pensamento: a construção de um mundo unido, com liberdade, solidariedade e paz; um mundo com justiça, dignidade e bem-estar. Este seria o Reino de Cristo implantado na Terra. Esta foi à grande e sagrada utopia à qual se dedicou.
9. Compromisso Social de Vieira
.....Vieira foi sempre um cidadão
pleno, na sua competência, na sua dedicação e no seu
compromisso com a justiça, com a dignidade e o respeito às
pessoas. Cuidava que a todos se garantisse a liberdade e a qualidade de
vida. Denunciou a hipocrisia e a arrogância de certas pessoas ancoradas
no poder.
.....Em diversos Sermões, Cartas e em
outros documentos, defende a dignidade dos índios, dos negros e dos
judeus. Exige o respeito a todos, qualquer que seja a condição
social de cada um.
.....Como sacerdote sentiu-se sempre responsável,
pela saúde espiritual, mental, física e social das pessoas.
Queria justiça, paz e liberdade para todos, sem discriminações
injustas. Destacamos: Sermão de Santo Antônio aos peixes. (1654)
10. Ação Missionária
.....Em 1653, com 45 anos,
chega ao Maranhão. Inicia a sua fase de Missionário na Amazônia.
Esta é mais uma grande missão de Vieira que exige grande dedicação,
visão estratégica, generosidade e heroísmo. Leva adiante
grandes ações missionárias. Destacamos:
.....- Missões no Maranhão
.....- Missões no Amazonas e Tocantins
.....- Missões em Marajó
.....- Missões na Serra de Ibiapaba
(Ceará e Piauí)
.....Com a sua decidida atuação
missionária, Vieira deu condições para garantir e consolidar
a integridade do território nacional, principalmente ao possibilitar
a passagem terrestre pelo Ceará, após a pacificação
dos índios, com a missão a Serra de Ibiapaba.
.....Alguns de seus sermões dão
destaque à sua ação de missionário. Neste contexto,
citamos o Sermão da Epifania, pregado em Lisboa, na Capela Real,
em 1662. É o Canto do Cisne de Vieira como missionário.
.....Destaque especial merece a carta de Vieira
a Dom Afonso VI datada de 20 de abril de 1657.
11. Sermão da Sexagésima
.....Em 1655 prega em Lisboa,
na Capela Real, o magnífico Sermão da Sexagésima. O
Sermão é um modelo de lição didática
e educacional. Demonstra como deve ser o discurso para produzir os efeitos
esperados. Contrapõe o discurso eficaz ao discurso ineficaz. Bate
de frente com os oradores de “perfumarias”. Inicia aqui sua
ação de polêmicas implícitas.
.....Tal veio polêmico está presente
em muitos dos seus sermões, sendo de destacar o Sermão de
Santo Antônio aos Peixes, pregado no Maranhão (S.Luis). (1654)
12. O Apogeu da vida de um gênio
.....Antônio Vieira teve
uma vida abençoada e iluminada feita por um crescimento contínuo.
Podemos notar diversos momentos de grande glória. Consideramos alguns
dos apogeu de sua carreira os seguintes feitos:
.....Nomeação como professor
em Olinda; O Sermão das Armas de Portugal contra os da Holanda; Missões
diplomáticas; Missões da Amazônia; Sermão da
Sexagésima; Seu comportamento firme junto à Inquisição;
Os Sermões de Roma; A renúncia aos convites honrosos e irrecusáveis
que recebeu em Roma; Seu refugio no silêncio e produtividade na Quinta
do Tanque; A publicação das suas obras; etc.
13. Vieira e os Judeus – Cristãos-novos
.....A Inquisição, implantada em Portugal, perseguiu ferozmente os judeus, como hereges. Perseguiu a muitos outros cidadãos, por motivos diversos. A uns expulsava do país; a outros processava e castigava, às vezes com a morte pelo fogo.
.....Muitos dos judeus e cristãos-novos eram grandes empresários e negociantes. Sua expulsão do reino causou grande prejuízo ao país. Vieira defendeu o respeito aos judeus e cristãos-novos, de forma muito veemente. Por isso os judeus tinham por Vieira um grande respeito. A defesa dos judeus rendeu-lhe um vexatório processo na Inquisição.
.....A seu rogo, o Papa aboliu a Inquisição em Portugal. Até hoje os judeus de todo o mundo têm uma grande veneração por Vieira. Eles souberam ser gratos a este grande homem: grande de coração, de mente e de respeito às pessoas.
.....A sua intrépida e corajosa defesa dos judeus foi o principal motivo do processo que lhe moveu a Inquisição e que levou à prisão, humilhantes interrogatórios e muito sofrimento e muitas inquietações. Foram cinco anos de silêncio e constrangimentos e vilipêndios.
14. Nas garras da Inquisição
.....Em 1663 tem início seu caminho do Calvário. Iniciam-se os interrogatórios da Inquisição. Sofreu atrocidades por cinco anos, sem poder pregar. Esteve gravemente doente. Foi confinado e preso. Foi desacatado e injuriado. Foi condenado. Foi depois absolvido. Tudo são inquietações...
.....O papa Clemente X, em 1675, isenta Vieira da jurisdição do Santo Ofício e o liberta de toda e qualquer pena ou condenação. A inquisição, por ódio de seus deputados, condenou um homem benemérito, justo, leal e dedicado ao bem. Assim se produziu um Mártir e um bem-aventurado. Afinal, fazer vítima um culpado não é questão incomum nos julgamentos humanos, principalmente quando envolve a esfera política. Condenação de inocentes por interesses políticos também não é afronta desconhecida em nosso mundo, dito “adiantado” e “civilizado”.
.....Apesar da inconsistência
das acusações, da perseguição, das humilhações
e das injúrias que lhe moveu a Inquisição, esta marca
um divisor de águas na vida de Vieira. A Inquisição
deixou no nosso herói, algumas cicatrizes. Na realidade, somam-se
outros contratempos, como a mudança no eixo político do país.
Vieira alcança mais um grande apogeu em Roma. Depois disso, resta-lhe
a produção literária, longe de seu grande público.
O resultado de tudo isto foi o aumento de sua glória e de seus méritos.
Foi em tudo, um homem venerável e incorruptível.
..... Este foi o apogeu de sua sabedoria e
de sua generosidade.
15. Conquista Roma
.....De 1669 a 1675, Vieira
esteve em Roma, em missão especial. Aí pregou grandes Sermões.
Suas palavras vibrantes cativaram e encantaram o Papa, os Cardeais e todas
as Missões diplomáticas de todos os povos sediadas em Roma.
Encanta a corte excepcional da Rainha Cristina da Suécia, também
sediada em Roma. Roma era centro do mundo, o centro do poder. Em Roma Vieira
vivenciou um dos momentos mais altos de seu prestígio de orador sábio,
vibrante e convicto.
.....Terminada sua missão, Vieira resolve
voltar para Portugal. Os “grandes” de Roma não compreendem.
O lugar de um homem da estatura moral, intelectual e humana de Vieira é
em Roma, a “capital” do mundo.
.....Querem nomeá-lo
Pregador Oficial do Papa; querem nomeá-lo pregador da Rainha da Suécia;
querem nomeá-lo conselheiro da Companhia de Jesus em Roma. Todos
querem que fique em Roma. .....Roma fica bem
menor sem Vieira.
.....Rejeita todos os honrosos convites. E
volta para Lisboa. Não estava à procura de prestígio
ou de vaidades. Junto ao seu povo era seu lugar. Sempre foi um homem de
raiz.
Vieira sempre foi um homem fiel e leal a princípios e a pessoas dignas.
Nunca foi um homem de duas caras.
.....Em 1675, voltava para seu povo que precisava
mais de sua ação e do seu calor. De Lisboa, voltou para o
seu Brasil.
16. Vieira não coube na corte de Lisboa
.....Ao voltar de Roma, não
encontra clima favorável em Lisboa. Suas turras com a Inquisição,
a quem vencera, tinham deixado ressentimentos. A força e a audácia
de Vieira incomodava muita gente. A corte de Lisboa foi ingrata ao Grande
Vieira. O novo Rei, D. Pedro, perseguiu os amigos de Vieira, após
derrubar do poder seu irmão e sua mãe.
.....Efetivamente, Vieira era um homem de caráter,
um homem de missão. Isto o fazia mais forte do que os “Cedros
do Líbano”. Um homem que não seria derrubado por nenhuma
tempestade, mesmo no mar de tormentos que o acometeu, não teve ilusões:
partiu para o Brasil que é o seu lugar na Companhia de Jesus. Veio
revisar as suas obras para publicação
17. Voltava para a Bahia
.....Vieira volta para Salvador.
O P.Geral da Companhia tinha-lhe dado ordem para preparar seus Sermões
para publicação. Não podiam se perder. Além
do mais, Salvador tem um clima mais saudável do que Lisboa.
.....Se Lisboa não precisava de Vieira
ou se Vieira “não cabia” em Lisboa, isto para ele não
tinha importância. Espaços honrosos não faltam aos grandes
gênios, mesmo que seja num pequeno cubículo.
Vieira voltou para a sua Bahia, em 1681. No retiro da casa de Campo da Companhia,
na Quinta do Tanque, Vieira dedica-se com grande afinco, ao retoque final
de seus Sermões, que são um de seus maiores e perenes legados
à posteridade.
.....Dedica-se também à redação
de sua obra, que considera a mais importante de todas: a Clavis Prophetarum.
Neste livro, que não conseguiu acabar, por falta de tempo, estão
os grandes princípios, as forças motrizes que lastreia sua
ação humana, apostólica e filosófica, em toda
a sua vida de obreiro da paz e da fraternidade entre os humanos. Clavis
Prophetarum ficou na história, como uma magnífica sinfonia
inacabada. É uma grande e deslumbrante utopia. Talvez essa obra seja,
hoje, um grande desafio lançado à humanidade. Cada um que
lhe encontre o seu desenvolvimento final.
18. Visitador Geral da Província
.....De 1688 a 1691 exerceu
um cargo de alta relevância: foi nomeado Visitador Geral da província
jesuíta do Brasil e do Maranhão.
.....Em 1690 promove uma Missão entre
os índios Cariris, na Bahia.
.....O cargo de gestor (visitador), deu espaço
para alguma ações novas. No entanto, a redação
de sua obra foi prejudicada. É pena mas é a vida. É
a obra da Providência que rege o destino de todos.
19. Retoque dos Sermões
.....Em 1694, cai de uma escada
e os problemas de saúde se agravam. Ainda escreve muitas cartas e
outros documentos que marcaram época. Consegue dar o retoque final
a 12 (doze) volumes de seus Sermões. Deixou ainda três volumes
de Sermões sem o retoque final.
.....Sua missão estava quase terminada:
os sermões estavam para sempre preservados. O que Vieira não
pode terminar, deixa-nos a mensagem da precariedade da obra humana: outros
darão seqüência. Enfim é a solidariedade das gerações,
através do tempo.
20. Noventa e nove anos bem vividos
.....Em 18 de julho de 1697, aos 89 anos e meio, Vieira encerra sua peregrinação física na terra. Mas sua ação não terá fim. Enquanto houver consciência e honra na terra, Vieira será um conselheiro versátil e muito lúcido, que a todos pode ajudar a abrir novos caminhos. Enquanto houver sol e lua, a obra de Vieira não perderá o seu esplendor. Enquanto houver pessoas buscando luz, para seu caminho iluminar, a obra de Vieira será uma referência imortal e de grande alcance.
21. A Missão Prossegue
.....Enquanto houver mundo,
a missão de Vieira prosseguirá. A veemência das ações
de Vieira fizeram-no sinal de contradição. Sempre. Vieira
nunca foi morno. Nunca foi um homem trivial, acomodado. Sempre foi quente.
Sempre foi luz. Nunca cedeu à tentação de uma vida
fácil. Foi veemente como os profetas.
.....Nunca retrocedeu quando encontrava espinhos
ou pedras no seu caminho. Cumpriu sua missão, sem medir os obstáculos.
.....Foi, em toda a sua longa vida operosa
e produtiva, um homem de fé, de esperança, de caridade e de
solidariedade. Foi uma grande luz que não se apagará. Suas
obras continuarão a iluminar o caminho das pessoas. Vieira continuará
a mostrar o caminho de uma vida melhor.
Conclusão:
.....Os apogeus da vida e
obra de Vieira são momentos ou eventos que se projetam para sempre
como paradigma.
.....Para Antônio Vieira, a religião
cristã tem um compromisso inalienável com o mundo secular.
A Igreja, para ele, é inserida no mundo, do qual não pode
fugir sem traí-lo. Como todas as instituições e como
toda a gente, a Igreja é como uma braça à vela, singrando
o mar, com sua correntes, suas tempestades e suas calmarias; com seus ventos
favoráveis e sua ventanias ameaçadoras; com suas águas
profundas e com seus bancos de areia e rochedos imersos. Seus baixios.
.....Vieira vê a Igreja como uma instituição
que deve ser capaz de responder aos desafios da modernidade.
[Texto em Construção]